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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ser de esquerda é...


Ser de esquerda implica em...

"Antes de mais nada precisamos escapar das fortes limitações das visões das 'raparigas em flor do keynesianismo' e dos 'heróis em sangue do marxismo'.

Penso que as escolhas e os caminhos são, sem dúvida, pela esquerda.

Insisto que este caminho significa reconhecer que o capitalismo é um sistema irracional que inibe a capacidade do ser humano de dar sentido à vida, ou seja, viver com dignidade, felicidade e liberdade.

Ser de esquerda é o combate permanente por um projeto de orientação socialista. É ignorância imaginar que ser de esquerda se restringe a defender bandeiras como progresso econômico, reforma social, democracia, integração regional e interesses nacionais. O centro e a direita também defendem estas bandeiras, de uma forma ou de outra. É má-fé imaginar que a distinção entre esquerda e direita se restringe ao ideário econômico via a armadilha binária “Estado versus mercado”. Defender um Estado que é capturado por grupos dirigentes corruptos não é ser de esquerda.

Ser de esquerda implica combater implacavelmente estes grupos dirigentes e os setores dominantes retrógrados.

Ser de esquerda implica compromisso com distribuição de riqueza (maior igualdade possível na distribuição de riqueza, renda e conhecimento), controle social do Estado (combater a apropriação do Estado por grupos dirigentes e grupos econômicos) e uso social do excedente econômico (tributação, planejamento e propriedade pública dos principais meios de produção).

Ser de esquerda implica rejeitar tanto a política externa do “vira-lata” como a do “camaleão falante” baseada em um antiimperialismo retórico, ocasional e superficial.

Ser de esquerda é contrariar o agronegócio e procurar o fortalecimento do padrão de comércio e a rejeição da reprimarização do comércio via commodities.

Ser de esquerda é contrariar o capital internacional e ter uma política seletiva e criteriosa em relação aos investimentos de empresas estrangeiras e não estimular e financiar com recursos públicos todo e qualquer tipo de investimento externo direto.

Ser de esquerda é reduzir as transferências de recursos para os rentistas da dívida pública e procurar investir pesadamente na maior capacitação tecnológica com saltos quantitativos e qualitativos na educação e no sistema nacional de inovações.

Ser de esquerda é contrariar os bancos nacionais e os estrangeiros e controlar os fluxos financeiros internacionais e não dar tratamento especial a estes fluxos.

Ser de esquerda é não fazer aliança com países avançados, como os EUA, para fechar rodadas de negociação da OMC somente para favorecer o agronegócio.

Ser de esquerda é não aceitar o pagamento de pedágio para participar de fóruns internacionais de eficácia duvidosa, como o G-20 financeiro.

Ser de esquerda é rejeitar reforçar o capital de instituições financeiras multilaterais como FMI e o Banco Mundial, cujas políticas tendem a submeter países frágeis a práticas que atendem, principalmente, aos interesses do capital internacional.

Ser de esquerda é entender que os principais adversários das transformações estruturais e de modelo estão dentro do próprio país.

Ser de esquerda é reconhecer que há um enorme hiato entre o poder potencial e o poder efetivo do Brasil na arena internacional.

Ser de esquerda é saber que, com as escolhas certas e as transformações estruturais, o país só terá peso efetivamente relevante no cenário internacional quando reduzir sua enorme vulnerabilidade externa estrutural e suas extraordinárias fragilidades internas, inclusive, as sociais e institucionais".

Declaração do economista Reinaldo Gonçalves, professor titular de Economia Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em entrevista concedida ao portal IHU/Unisinos, hoje.


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O professor Reinaldo Gonçalves foi um dos formuladores dos programas econômicos de governo do PT, de 1989 até 2002. Foi, não é mais.

Hoje, os paloccis e os meirelles dominam a área, em defesa dos banqueiros e dos especuladores da dívida interna.

Ou vocês acham mesmo que os juros mais altos do mundo - os brasileiros - são uma fatalidade natural, como um cataclismo geológico inexorável?


12 comentários:

Anônimo disse...

Defender um Estado que é capturado por grupos dirigentes corruptos não é ser de esquerda desde que os grupos dirigentes corruptos não sejam como corriqueiramento o são, de esquerda. Esquerdista não pratica corrupção no máximo comete desvios e enganos.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Entrevista de Reinaldo Gonçalves em 2005 para o JB On Line:

"Como bom político, Fernando Henrique tinha um grupo de formulação estratégica. E era de primeiro nível. Não quero dizer com isso que a estratégia era correta. Mas havia essa visão. Havia rumo e prumo. Os economistas que exerciam as funções principais no governo eram excelentes. Tinham projeto e concepção estratégica. Quando surgia um problema econômico sério, o presidente os chamava, eles montavam o cenário e sugeriam políticas associadas, consistentes."

- E como é no atual governo?

- A política econômica, na minha avaliação, é uma tragédia, uma catástrofe. Os resultados são absolutamente medíocres. Você tem que descontar a conjuntura internacional extraordinariamente favorável dos últimos dois anos. Se a a conjuntura piorar, vai haver uma degringolada geral da economia brasileira.

Anônimo disse...

Para o idiota do maia não basta as bobagens que posta, ainda vai juntar mais lixo para nos sacanear.

Tenha Dó!

Claudio Dode

Anônimo disse...

Os tucanos estão cada vez mais desesperados, principalmente com a vaga de vice que querem empurrar o Aécio.

Como não existe mineiro burro, o Aécio não vai trocar uma vaga no senado, pelo féretro do Vampiro.

E, além disso, se ele quisesse ser vice tinha ido para o PMDB que vai pegar "facinho" como nunca se viu antes nesse país...

Claudio Dode

Carlos Arruda disse...

O maia usa uma entrevista de 2005. Piada. Depois disto já tivemos uma crise colossal (2008/2009) que no Brasil, ao contrário do resto do mundo, foi uma marolinha.

Anônimo disse...

OLHA AÍ, O MALA DO MAIA !! PAREC E MATE'RIA PUBLICADA NO ESTADÃO. TUDO O QUE É LIDO DEVE SE ENTENDER O CONTRÁRIO, OU NÃO ??? pARECE-ME QUE O CAOS É AGORA E NA ÉPOCA DE FFHH ERA UMA ERA DE VERDADEIRO PROGRESSO. PARA MIM, NADA MAIS É DO QUE A "PRAGA DOS OITO ANOS". MAIA, VAI ESCREVER NO BLOG DO "TIO REI"DA SUJISSIMA VEJA. ME RESPEITA, RAPAZ !!

Fabrício Nunes disse...

Ser de esquerda, na sua, é NÃO ser mais do PT!

cazé disse...

MaMaia tu estás atochando. Onde está a referência exata a essa entrevista do economista?
Tu inventou essa, boneca.
Ficção tua, nêga.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Essa entrevista está neste endereço:

http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2005/02/05/jorbra20050205001.html

Tzara Bathana disse...

O Maia engata a primeira do sabujismo-de-direita-entregador-de-folheto-na-sinaleira e, como manda o patrão, nos brinda com sua propagandinha. Beleza.

Blog Cavalcanti disse...

Se o editor fala em liberdade, deveria apoiar apenas os regimes de esquerda em que há democracia, entretanto trata Cuba - só para citar um exemplo - como um modelo de regime de esquerda "bem sucedido".

Anônimo disse...

Primeiro, Antonio Carlos, para o seu questionamento, deve esclarecer o que significa "bem sucedido".

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