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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Uma elite sonâmbula e bovina


Enquanto o Brasil discute o pré-sal, o Rio Grande faz a festa do atraso

O jornal ZH dedica hoje cerca de dez páginas à festa-feira do agronegócio de Esteio, um business todo ele subordinado a matrizes de produção e circulação de mercadorias localizadas fora do Brasil, em geral no Hemisfério Norte. O Rio Grande entra com a Natureza e a mão-de-obra barata e abundante, mais nada. Na fumicultura, só para citar um exemplo, exportamos 90% da produção in natura, sem agregar nenhum valor. Quem fica com a parte do leão, são os países que beneficiam a matéria-prima. A Holanda ganha mais dinheiro com o fumo que o Rio Grande do Sul inteiro. A Holanda, saibam disso, não produz uma folha de tabaco, sequer.

Muito bem. Há dois anos o tema principal da economia brasileira é a energia fóssil do pré-sal. Nestes 24 meses não se ouviu ninguém da elite guasca se pronunciar pela participação sulina em parcela dessa riqueza natural genuinamente brasileira.

Há seis meses o governo federal discute a participação dos Estados na apropriação parcial da riqueza energética off-shore. Eu pergunto: quando algum gaúcho (como gostam de mitificar o sul-rio-grandense) esteve no centro deste importante debate nacional? Quando? Nem precisa ser agente do governo estadual, tão azafamados ultimamente com a polícia e advogados dispendiosos, mas agentes públicos do setor privado, associações empresariais, sindicatos patronais, entidades representativas do capital, etc. Quando?

Neste último final de semana o presidente Lula se reuniu com os governadores interessados pelo pré-sal, a saber: governadores de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Onde estava a governadora do Rio Grande do Sul? Dormindo junto às baias dos animais premiados em Esteio (sem anedota, repito o que informam todos os jornais de confiança da própria governadora e, de resto, de toda a direita provincial).

O basbaque fundamental dirá (com voz sonâmbula, entrecortada de longos bocejos bovinos):

- Ah! (pausa para o bocejo), mas o Rio Grande não tem petróleo!

Quem disse que não tem? O pré-sal é um vasto lençol fóssil de limites desconhecidos. Mas, admitamos que de fato não o tenha.

E os agregados de extração e produção?

[Bocejo, bocejo...] - Que agregados? [Bocejo]

Ora, as ferramentas para a extração, produção e distribuição/transporte do óleo, sem falar na cesta de múltiplos derivados, refinarias, dutos, equipamentos, navios, plataformas, formação seriada de expertise em massa... quem vai fornecê-los para a Petrobras? O Rio Grande quer ficar de fora deste circuito virtuoso que vem aí, e que deve durar três décadas?

- Ah! Os agregados... sim, isso nós ainda vamos examinar. Anote aí, ano que vem, apresentaremos um pacote de exigências ao presidente Lula. Ele tem que nos respeitar. Se não o fizer, tomaremos como ofensa grave e talvez saia até uma segunda revolução farrapa... Os petralhas que não se atrevam!

Fac-símile parcial da edição de hoje de Zero Hora. Dez páginas de agronegócio subordinado, dependente e insustentável, e meia página exigindo decisão pronta e acabada de um mega negócio de 8 trilhões de dólares (direto) e cujo alcance geológico se desconhece os limites. Essa é a mídia da elite guasca.

RS segue dando exemplo na área de segurança


"O Rio Grande está quebrando paradigmas em matéria de segurança pública" - frisou um especialista

A medida de segurança adotada pelo governo estadual, na última sexta-feira, prova que há de fato uma inestimável contribuição guasca para a elevação da confiança popular do brasileiro médio, e dos gaúchos em particular, nas suas autoridades. Ver fac-símile parcial acima, extraído do jornal Correio do Povo, edição de hoje, página 8.

A construção do "cercadinho em Esteio" posiciona o Estado do Rio Grande do Sul de forma permanente e irrenunciável no concerto internacional da política de segurança pública dos povos brancos e civilizados.

Especialistas ouvidos são unânimes em classificar a medida adotada em Esteio como "uma verdadeira revolução no campo da segurança pública mundial".

Os mesmos especialistas não se cansaram em afirmar, de forma absolutamente graciosa (ou seja, não cobraram nada para afirmar), que a política dos gaúchos é algo paradigmático. "O Rio Grande está quebrando todos os paradigmas" - obtemperou um especialista que não quis se identificar. Talvez por ter se sentido humilhado diante de tanta grandeza, genialidade e arrojo.

Fica provado, assim, a força e o denodo da civilização gaúcha em prol de uma humanidade reconciliada consigo mesma. O resto é Natureza rude.

Agravam-se os delírios da RBS


Os desvarios estão virando rotina

Depois de passar o inverno falando em neve, sugerindo neve, e criando um imaginário delirante e mitológico sobre a neve no Estado, o jornal ZH nos brinda com outro mito: a excelência da segurança pública sob o governo-pântano da governadora-ré.

É quase inacreditável! Precisamente quando ações ilegais toleradas pelo comando da Brigada Militar promovem um descontrole evidente e perigoso da corporação estadual, o diário da RBS procura criar uma imagem positiva e profissional da polícia fardada. Precisamente quando o Judiciário examina e julga o escândalo que drenou criminosamente mais de 44 milhões de reais de um órgão público ligado burocratica e administrativamente à Secretaria de Segurança. Depois de quatro mudanças na titularidade da Secretaria da Segurança e mais de oito mudanças nos comandos da própria Brigada Militar, o diário da RBS descobre afinal que os equinos não são mais mamíferos, que fazem ninhos e são ovíparos.

Afirmar que "o Rio Grande dá exemplo na área de segurança" é como provar a quadratura do círculo, o congelamento do Sol e a estabilidade das nuvens nos céus da primavera.

Uma imprensa antidemocrática



Toda vez que a direita recrudesce nas urnas, sempre encontra a simpatia midiática

A imprensa brasileira tem sido adversária histórica das instituições representativas do País.”

Essa frase, um dos mais duros veredictos já feitos sobre a imprensa brasileira, é de Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado de teoria política da UFRJ, fundador do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) da Universidade Candido Mendes, e consagrado pela Universidade Autônoma do México, em 2005, um dos cinco mais importantes cientistas políticos da América Latina.

Ela é parte do começo de uma conversa em torno da histórica tendência golpista da imprensa brasileira, que começa assim: “Com o fim da Segunda Guerra Mundial terminou também o Estado Novo brasileiro, ditadura civil que se iniciara em 1937. No mundo todo, mas em particular no Brasil, as elites políticas tradicionais se viram acompanhadas por um eleitorado em torno de 7 milhões, mais de dez vezes superior ao da Primeira República, e um movimento sindical legalizado e participante de algumas estruturas estatais, como os institutos de pensões e aposentadorias dos trabalhadores urbanos”.

Segundo ele, a imprensa brasileira “sem embargo da retórica democrática”, tornou-se a principal adversária das instituições representativas.

“A exemplo de toda a imprensa, denominada grande, latino-americana, “jamais hesitou em apoiar todas as tentativas de golpe de Estado, quando estas significavam a derrubada de presidentes populares ou o fechamento de congressos de inclinação mais democrática”, denuncia Wanderley Guilherme.

“No Brasil – prossegue –, não existe um só jornal de grande circulação que se posicione a favor dos respectivos congressos nacionais, nas esparsas ocasiões em que estes parecem funcionar.”

Por outro lado, ele anota que “toda vez que a direita recrudesce nas urnas, sempre encontra a simpatia midiática”.

“No Brasil, o único período em que o governo contou com o respaldo de algum jornal de certa respeitabilidade foi durante o segundo governo Vargas, com a Última Hora. Não houve um único jornal popular, de grande circulação no Brasil, durante esse período”, diz Wanderley Guilherme.

Última Hora também foi o único reduto jornalístico contra o golpe de 1964, que toda a mídia apoiou. Sem qualquer constrangimento.

Conceitualmente, ele lembra, a imprensa, além de ser um instrumento de difusão de informação e análise, é um ator político “na medida em que forma opinião, agenda demandas e que, eventualmente, beneficia ou cria obstáculos para governos”.

Wanderley Guilherme comenta: “A imprensa brasileira exerce, e tem todo o direito, de ter opinião e preferências políticas. No Brasil, no entanto, ela diz que apenas retrata a realidade. É falso. Há muito da realidade que não está na imprensa e há muito do que está na imprensa que não está na realidade”.

Não é novidade no mundo democrático. Novidade, como explica Wanderley Guilherme, é presumir e passar a impressão de que isso não acontece.

“A imprensa brasileira não tolera a ideia de governos independentes, autônomos em relação às suas campanhas. Isso implica um caminho de duas mãos. Significa que ela terá de sobreviver sem os governos. Então, é preciso que os governos precisem dela”, conclui.

É um retrato do momento que o Brasil atravessa no alvorecer do século XXI.

Artigo do jornalista Mauricio Dias, colunista da revista semanal CartaCapital.

Fac-símile: Folha de S. Paulo, capa da edição de 16 de abril de 1964. Jogando confete no regime gorila instalado pelo golpe civil-militar de 1º de abril de 1964.

A fotografia de baixo (assinalada em vermelho) traz a seguinte legenda: Os tanques da paz

Não precisa dizer mais nada.

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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ipea defende uso do IPTU em favor da distribuição de renda


Um sistema tributário justo deve incidir mais sobre a propriedade

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann (foto), disse ontem(27), durante audiência pública realizada na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) pode servir como ferramenta de distribuição de renda.

“Basta que, além de adotarmos uma tabela de progressividade que varie a contribuição em função do valor do imóvel – algo já adotado por alguns municípios –, a alíquota entre municípios com perfis similares seja homogeneizada”, defendeu.

Segundo Pochmann, ao homogeneizar a tributação levando em conta o perfil geográfico e social do município – padronizando o tributo depois de considerar aspectos como a unidade federativa a que esteja vinculado, o número de habitantes, Índice de Desenvolvimento Humano, renda e renda per capita –, a arrecadação poderia aumentar em R$ 45,576 milhões.

“Parece um valor baixo, mas seria suficiente para retirar milhões de brasileiros da linha da pobreza ou da indigência, caso fossem aplicados em programas sociais com o perfil do Bolsa Família”.

Para demonstrar essa tese o Ipea elaborou dois cenários. Um priorizando a camada da população que vive numa linha muito próxima à pobreza; e outro com o foco mais voltado para aqueles que vivem na indigência.

“No primeiro cenário, retiraríamos 2,39 milhões de uma situação muito próxima à da linha da pobreza e, indiretamente, 94 mil da indigência. No segundo cenário, mais voltado para a população indigente, seria possível retirar 1,445 milhões de pessoas de uma situação de indigência e 1,323 milhões da pobreza”, argumentou Pochmann.

“A tributação sobre propriedade não tem função exclusivamente arrecadatória", explicou. "Possui também uma [função] extratributária, que visa a reduzir a enorme injustiça que existe no Brasil, especialmente do ponto de vista do tributo”.

Dados apresentados pelo Ipea mostram que os mais pobres terminam sendo os mais penalizados, inclusive sobre a tributação da propriedade. “O Brasil já tem, ao nosso modo de ver, condições maduras de construir um sistema tributário mais progressivo, com incidência maior sobre a propriedade”, afirmou o presidente do Ipea. A informação é da Agência Brasil.

Falou com o Nelson...


E se deu bem! Ganhou um latifúndio no jornal

Os diálogos impertinentes dos quadrilheiros do Detran/RS portam pérolas de sabedoria lúmpen. Quando o meliante está em apuros ele recomenda ao nobre colega: - Fala com o Nelson, ele resolve, isso precisa ser esclarecido...

Pelo visto o deputado José Otávio Germano (PP-RS) adotou os aconselhamentos nada republicanos dos personagens que pululam as 1.200 páginas da denúncia de improbidade administrativa que fazem da governadora Yeda e mais oito pessoas como réus de processo que tramita na Justiça Federal.

Sua Excelência, ex-secretário de Segurança do governador Germano Rigotto (PMDB) e responsável pela gestão do Detran/RS, hoje foi contemplado com quase 70% do espaço de uma página no jornal Zero Hora, um latifúndio para quem está em apuros com a Polícia e a Justiça.

Isso que é jornal neutro, isento, equânime e preocupado com os dramas humanos dos indivíduos injustiçados!

Incra faz gauchada com o MST


Órgão do governo federal desiste das desapropriações no RS

Uma comissão de acampados e assentados da reforma agrária se reuniu, na tarde de ontem, com o juiz federal Belmiro Krieger, de Santana do Livramento. O tema da reunião foi a suspensão judicial da desapropriação das fazendas Antoniazzi e 33, em São Gabriel (RS).

Na reunião, Krieger voltou atrás e disse que irá conceder a imissão de posse das fazendas, caso o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tenha interesse em desapropriá-las. No entanto, uma hora antes da audiência, um representante do Incra se dirigiu ao juiz e anunciou que o órgão federal estava desistindo das áreas.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) critica a decisão do governo federal e do Incra, que além de não fazerem a reforma agrária ainda desistem das desapropriações de terra. Somente na Fazenda Antoniazzi podem ser assentadas cerca de 400 famílias. É de lembrar que o Incra ainda não cumpriu com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que se comprometeu a assentar, até o final de 2008, duas mil famílias sem terra no RS.

Enquanto os governos federal e estadual não avançam com a reforma agrária, a criminalização aos movimentos sociais e a tensão no campo aumentam.

Ontem foi lembrada a morte do trabalhador Elton Brum da Silva, que foi assassinado pela Brigada Militar de Yeda, na semana passada.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Programa "Big Brother" morreu


Queda drástica de audiência mata programa na Inglaterra

A emissora britânica Channel 4 anunciou ontem que vai desistir do antes popular reality show "Big Brother", devido à queda na audiência da edição deste ano.

O programa pertence a um consórcio chamado Endemol, que inclui a Goldman Sachs Capital Partners, o grupo italiano Mediaset e o Cyrte Group. No Brasil, o programa é anual, apresentado na rede Globo, que paga pela modelagem à Endemol.

Muitos avaliam que o programa ficou superado e não conseguiu conquistar o público jovem da chamada "geração Facebook", que tende a buscar seu entretenimento na internet.

Estimativas indicam que a décima e mais recente temporada do Big Brother britânico vem sendo acompanhada por 2 milhões de telespectadores - uma pequena parcela de seu público máximo, que foi de 10 milhões de pessoas.

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Sinal dos tempos.

Polícia de Yeda "planeja" prender e arrebentar, segundo a própria RBS



Estamos vivendo sob um Estado policial arbitrário e ensandecido

Sob o desgoverno instalado no Piratini, a polícia militar estadual adquire autonomia e pisoteia os direitos civis mais elementares. Uma gravíssima ameaça está estampada no portal do grupo RBS, que entrou no ar agora a poucos minutos (9h16).

A Brigada Militar do Rio Grande do Sul abriga um assassino covarde, responsável por abater de morte um trabalhador rural pelas costas, semana passada no município de São Gabriel. Até o momento, passados vários dias, não há o menor esclarecimento oficial sobre quem assassinou o agricultor sem-terra Elton Brum da Silva.

Nenhuma autoridade estadual pode com a polícia da governadora Yeda. A população está à mercê da brutalidade e da violência policial da Brigada Militar. A informação da RBS é que "serão presas duas mil pessoas nas próximas horas", mas ninguém consegue informar o motivo desta repressão súbita e intempestiva, mesmo se sabendo que a prática de crimes no Estado atinge de fato níveis nunca vistos - tanto no setor privado, quanto no setor público.

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CPI da Corrupção é instalada na Assembléia RS


Yeda já é fósforo queimado

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará as denúncias de corrupção no governo Yeda Crusius foi instalada na tarde de ontem na Assembléia Legislativa. Na ocasião, o presidente do Legislativo, Ivar Pavan, empossou os doze deputados que compõem o colegiado.

O presidente da Assembléia Legislativa também salientou que a gravidade da crise no Estado é a maior desde a Campanha da Legalidade. A CPI da Corrupção tem prazo de 120 dias para a apuração dos fatos. A informação é da Agência Chasque.

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A governadora é fósforo queimado, agora é caso de Polícia e do Judiciário. Pessoalmente está desmoralizada e não oferece ameaça política alguma. Neste sentido, como a CPI da Corrupção tem um vetor eminentemente político deve adotar como objetivo principal juntar à Yeda os seus aliados desde sempre. É preciso levar para junto da governadora, no pântano moral e político em que se encontra, os seus apoiadores e sustentadores. Unidos para sempre.

Assim, o PMDB deve ser o grande alvo dos trabalhos da CPI que ontem se instalou. Seus líderes também estão envolvidos nas trapalhadas tucano-yedistas, direta (muitos como operadores preferenciais) ou indiretamente - com o silêncio, a conivência e a omissão militantes.

Não é possível esquecer o diálogo - franco e sincero - havido entre o vice Feijó e o então chefe da Casa Civil de Yeda, o ex-deputado Cesar Busatto. Deste diálogo pode (e deve) ser extraído um roteiro fecundo para as investigações e sondagens da CPI da Corrupção.

Ontem, eu vi um deputado petista dizendo que buscarão três linhas de investigação: Detran, Solidária e a casa mal explicada e mal havida. Detran e casa, são temas que dizem respeito à governadora, é gastar tempo e trabalho para arrombar portas abertas. Solidária, pode ser. É um ninho cálido de peemedebistas ilustres e robustos. Mas faltam o Banrisul, IPE, Corsan, e outras "fontes de financiamento de campanhas", no dizer do ilustre secretário da Fazenda, ex-chefe da Casa Civil e ex-homem forte de Pedro Simon, o ex-deputado Cesar Busatto.

Não é pouca coisa. E o tempo ruge.

Lula vai entrar na blogolândia


Governo lança Blog do Planalto na segunda-feira

Além do lançamento do marco regulatório do pré-sal, o governo também programa para a próxima segunda-feira (31/8) a apresentação do Blog do Planalto, com o objetivo de aproximar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dos internautas. A informação é da Agência Brasil.

O blog terá conteúdos multimídia, como textos, áudios, vídeos e infográficos sobre atos e decisões do governo federal. Uma equipe com cinco profissionais será responsável por atualizar as informações.

O formato do blog foi apresentado pela Presidência da República, em junho passado, durante o 10º Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS). Durante a elaboração da ferramenta, a Presidência abriu uma consulta para saber o que o público quer ler e ver no blog.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Brigada Militar de Yeda está completamente fora de controle


Recebo nota do jornalista Wanderley Soares, especialista em temas de segurança pública:

Um coronel de facão

Alguma coisa está fora de controle, pelo menos de forma episódica, na área da segurança pública e, de modo singular, na Brigada Militar.

A operação realizada em São Gabriel, que resultou na morte de um militante do SMT, atingido por um tiro de espingarda de calibre 12, pelas costas, ainda está sendo discutida, até mesmo porque o autor do disparo não foi identificado.

Não bastasse isso, hoje, a comunidade do município de Canoas, representada por todos os partidos (Dem, PT, PSDB, PTB, PMDB, PP, presidente da Câmara Municipal, todos os vereadores e mais o vice-prefeito), protocolaram uma denúncia contra o tenente-coronel Carlos Roberto Bondan da Silva, comandante do 15º BPM. Ele é acusado de, armado de facão, investir, no comando de sua tropa, contra camelôs que trabalhavam devidamente legalizados.

Bondan, quebrou mesas e ameaçou agredir os comerciantes, girando o facão, que talvez esteja incluído entre as chamadas armas não letais. Não foi pouca coisa o que fez Bondan, pois conseguiu reunir contra ele toda a comunidade de Canoas.

Ações realizadas pela polícia sob a filosofia de que “a cidade é pequena para nós dois”, só podem desequilibrar a gestão tanto do titular da pasta da Segurança, Edson Goularte, como abalar ainda mais a administração da governadora Yeda Crusius que, apontei ontem, está inclinada a determinar uma nova dança nas cadeiras numa área que é o nervo exposto e vivo de todos os governos. [...]


Polícia de Yeda matou o homem errado



Deputado do PT faz denúncia grave: "Ação em São Gabriel foi planejada"

A Brigada Militar matou o homem errado em São Gabriel. A denúncia foi feita pelo presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, deputado Dionilso Marcon (PT), na sessão plenária desta quarta-feira (26). O parlamentar quer que a governadora Yeda Crusius e a Secretaria da Segurança Pública revelem aos gaúchos o nome do assassino de Elton Brum da Silva e também digam qual sem-terra deveria morrer no seu lugar, durante operação da BM, na Fazenda Southall, em São Grabriel, na sexta-feira (21).

Marcon também contesta informações da BM sobre a falta de experiência dos policiais que estavam no local na hora do crime. “Não houve despreparo da corporação e o tiro não foi acidental. A ação foi planejada”, afirmou o deputado, ao esclarecer que Elton era natural de Canguçu e não de São Gabriel, como reproduziu a imprensa a partir das informações da BM. “Ele foi morto por engano. O sem-terra que deveria ter sido assassinado também é negro. Há uma lista de outras pessoas para serem mortas”, advertiu Marcon, que levará as denúncias ao Ministério Público Estadual.

A demora em tornar público o nome do autor do tiro que matou Elton também indigna o deputado Raul Pont. “Não é possível ter um sistema de segurança que compactue com o assassinato”, frisou. Para ele, a cumplicidade, a omissão e a conivência da governadora Yeda Crusius com esse episódio é inaceitável.

Raul Pont contrapôs a eficiência da BM para apurar os responsáveis pela morte do soldado ocorrida em 1990 na Praça da Matriz durante confronte entre BM e sem-terra com a ineficiência para apontar o assassino do sem-terra de 44 anos. “Naquela oportunidade, a BM teve estrutura, organização e efetivo para cercar o Paço Municipal e tomar depoimentos em busca do pretenso culpado. Agora, essa mesma corporação age com um corporativismo inaceitável. Não é possível ter um sistema de segurança que compactua com o assassinato”, ressalta Pont. A informação é da Agência de Notícias da AL/RS.

A desmontagem (total) do factóide Lina Vieira

Mônica Waldvogel vai murchando no decorrer do programa

O comentário inicial lido por Mônica Waldvogel é vergonhoso, antijornalístico, desonesto, porque desmentido ao longo de todo o programa pelos três entrevistados convidados pelo programa. A Globonews perdeu o rumo.

Os três convidados são unânimes em afirmar que a politização ocorreu na fase de Lina Vieira, não agora. Mônica atropela as conclusões da mesa redonda, desrespeita os telespectadores ao antecipar conclusões falsas. Principalmente sabendo-se que a abertura sempre é feita após o programa, com base nas conclusões levantadas.

O presidente do Sindifisco denuncia o aparelhamento da Receita… por Lina. Mostra que o pedido de demissão coletiva dos antigos superintendentes foi apenas uma antecipação para demissões que ocorreriam. O advogado tributarista nega crise na Receita. Disse que está mais preocupado com as taxas de juros dos bancos e temas mais relevantes.

Mônica tenta se socorrer do ex-Secretário da Receita Everardo Maciel, da gestão FHC, pedindo que confirme a politização. Everardo diz que a politização ocorreu com Lina e que agora não há ingerência política, porque é atribuição do Ministro definir o Secretário.

Depois disso tudo, Mônica volta ao papo de que Mantega estaria pressionando para não apertar os grandes contribuintes. Os entrevistados negam. Everardo mostra que esse foco nos grandes contribuintes começou em sua gestão. Mônica diz que houve aumento na arrecadação dos grandes contribuintes na gestão Lina. Everardo desmonta com números.

Mônica vem com a história da opção do regime de caixa pela Petrobras foi manipulação. Everardo é incisivo: a Petrobras está certa. O factóide criado foi para justificar a queda da arrecadação na gestão Lina - embora diga que a queda tem muitos fatores, entre os quais a crise.

Mônica: se fosse tão clara a possibilidade de mudar o regime no meio do ano, não haveria tanta controvérsia.

Everardo: a regra é clara e foi feita em 1999 justamente para enfrentar o problema da desvalorização cambial.

Mônica: mas até agora a Receita está para soltar um parecer.

Everardo e os demais: já foi feito, concordando com a Petrobras. Essa prática existe há muito tempo, não existe qualquer ilegalidade ou manobra contábil.

Mônica, balbuciando: a lei foi feita. Houve então uma manipulação da opinião pública?
Todos concordam com a cabeça.

Aí ela deriva a entrevista para o caso Sarney, perguntando se é legítimo pressionar a Receita para abrandar a fiscalização.

O presidente do Sindicato disse que é impossível essa pressão, que nunca essa informação correu na Receita. Disse que sempre trabalhou próximo à chefia da Receita, tanto no governo FHC e Lula, e nunca viu esse procedimento. O chefe da Receita conversa com políticos todos os dias. Mas esse tipo de ingerência é novidade para a gente.

Everardo disse que se ocorreu, o momento certo seria na época em que foi feita. Se não fez, cometeu prevaricação.

Conclusão final: Lina foi um desastre para a imagem da Receita e caberá a todos os funcionários trabalharem para o resgate de sua imagem.

Assista o programa e depois volte à abertura.

P.S.: Com uma oposição trapalhona dessas, a Dilma se elege no primeiro turno, em 2010.

Os comentários acima foram pescados do excelente Blog do Luis Nassif.

Fazendeiros guascas ainda mantém escravos em suas propriedades

Operação resgata trabalhadores em situação análoga à escravidão

Uma operação envolvendo o Ministério do Trabalho e Emprego, Polícia Federal e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de São José do Norte (RS) desarticulou um foco de quatorze trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Entre as várias irregularidades, os auditores identificaram muitos trabalhadores em situação informal, habitações precárias, falta de água potável e segurança. Além disso, eles tinham que consumir alimentos em estabelecimentos indicados pelos aliciadores em que os preços eram superfaturados. Os trabalhadores serviam a fazendeiros da região, atuando no corte e desbaste do eucalipto. A informação é da Agência Chasque.

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Operação combinada como essa de São José do Norte (próximo a Rio Grande, na Zona Sul do RS) pode muito bem acontecer em duas outras situações de flagrantes irregularidades trabalhistas, embora ainda não análoga à escravidão. Refiro-me às seguintes situações suspeitas:

1) menores de idade distribuindo material publicitário de incorporadoras de imóveis em semáforos de grande fluxo em Porto Alegre, especialmente nos finais de semana.

2) peões e tratadores de animais de empresas agropecuárias que participarão da Expointer 2009 no Parque Estadual de Esteio (a grande festa-feira do agronegócio sulino), cujas instalações, ano após ano, são permanente objeto de irregularidades pelo desconforto, jornada excessiva, insalubridade, precariedade, constrangimento moral e insegurança.

Aneel aprova acesso à internet por meio da rede elétrica


Nova tecnologia poderá levar banda larga a rincões distantes do País

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem o regulamento que permite a utilização da rede de energia elétrica para a transmissão de internet banda larga. Com o sistema, conhecido como PLC (do inglês, Power Line Communications), as tomadas residenciais passam a ser pontos de rede, quando conectadas a um modem. A informação é da Agência Brasil.

A Aneel estabeleceu que o uso dessa tecnologia não poderá comprometer a qualidade do fornecimento de energia elétrica para os consumidores e, se houver necessidade de investimento na rede, o custo será de responsabilidade da empresa de telecomunicações. As redes também poderão ser utilizadas para levar televisão por assinatura aos consumidores.

Segundo o regulamento aprovado hoje, as concessionárias de energia deverão criar uma empresa subsidiária para ofertar o serviço. A agência também prevê que as receitas obtidas pelas concessionárias de energia com o aluguel dos fios para as empresas de internet serão revertidas para a redução de tarifas de eletricidade.

A Aneel garante que o emprego da tecnologia vai permitir novos usos para as redes de distribuição de energia elétrica, sem que haja necessidade de expansão ou adequação da infra-estrutura já existente.

Segundo a agência, a economia deve representar uma redução de custos para os consumidores.

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A tecnologia PLC vai modificar o cenário da internet no Brasil, ampliando a rede mundial de computadores a regiões até agora inacessíveis, e criando melhores condições para uma verdadeira democratização (e barateamento) da web.

O sistema PLC vem para abalar mais ainda a hegemonia midiática de algumas poucas famílias oligárquicas no Brasil. A rigor, onde há rede interligada de energia elétrica é possível ter igualmente um computador conectado à internet banda larga, dando novas chances de interação e participação às populações esquecidas, seja nas periferias metropolitanas, seja em rincões remotos do País.

Acima, ilustração esquemática de como poderá ser o uso doméstico da tecnologia PLC.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Barnabelândia amotinada


Quem deu cargo estratégico no governo à Lina Vieira?

A senhora Lina Vieira está dando mostras de que cumpre à risca o roteiro montado para criar uma crise artificial no País. Politicamente articulada pela direita, a barnabé federal, casada com um ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), coordena um motim corporativo nacional que tem por objetivo desgastar o Planalto, em especial a ministra-chefe da Casa Civil.

Na batuta da rebelião da barnabelândia criptotucana está o nauseante oligarca potiguar Agripino Maia (Dem-RN).

Factóides à parte, é de estranhar que os quadros planaltinos tenham cochilado ao consentir que Lina Vieira ocupasse posição tão relevante na República. Um erro de origem imperdoável e que deixa uma ponta de dúvida: não será uma casca de banana (caseira) no caminho da ministra pré-candidata?

Depois de anos de luta, CPI da Dívida é aprovada


A dívida brasileira é uma caixa-preta

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi instaurada na Câmara Federal para investigar a dívida pública brasileira. A auditoria da dívida é prevista pela Constituição Federal do país e vem sendo reivindicada por setores da sociedade a exemplo do Plebiscito Nacional da Dívida, realizado em 2000.

Desde o plebiscito, foi criada uma campanha pela Auditoria Cidadã da Dívida, que considera a CPI uma conquista para o Brasil. As organizações acreditam que a CPI irá mapear as dívidas, melhorando os investimentos. Por exemplo, a educação recebe doze vezes menos dinheiro do que o pagamento da dívida interna (quase toda embolsada por rentistas e especuladores do Brasil e do Exterior). A informação é da Agência Chasque.

UOL/Folha faz enquete e quebra a cara


Armaram e se deram mal

O resultado acima não poderia ser pior. Tanto que o portal retirou do ar o resultado da enquete.

Uma leitora nossa capturou no print-screen (na madrugada de hoje) e nos mandou.

Clique na imagem para ampliá-la.

Grande mídia reage com os "especialistas" de sempre


Filósofo reacionário tenta desmontar as múltiplas possibilidades da internet

Domingo passado, eu li na Folha de S. Paulo a entrevista de um certo filósofo espanhol Jesús Martín-Barbero. O cara diz coisas que são uma luva para quem - como o PIG inteiro - quer desconstituir e colocar sob suspeição a internet e suas múltiplas possibilidades.

Como qualquer artefato tecnológico novo a internet porta elementos favoráveis e desfavoráveis, carrega funcionalidades positivas e negativas. Dito isto, até aqui morreu um tal Neves. Ocorre, porém, que a web está sendo combatida no Brasil por receio de que seja um território tomado por anarquistas, esquerdistas e quetais que procuram destruir a sociedade pacífica, ordeira e amante do progresso e dos bons costumes que os nossos venerandos antepassados construíram no Brasil.

Mas quem está com receio? Ora, o partido único da mídia oligárquica brasuca. Na Globo, só para citar um exemplo singular, não tem dia que não haja pelo menos uma reprovação contra conteúdos da rede mundial de computadores.

A indisposição com a web é flagrante e começa a promover reações expressivas na grande mídia conservadora brasileira.

A reação é motivada, basicamente, por três ameaças objetivas (e que se potencializam mutuamente):

1) a fuga crescente de leitores/ouvintes/telespectadores para mídias alternativas com base na rede;

2) depressão nas audiências/tiragens e no faturamento comercial;

3) guerrilha eletrônica espontânea e maciça de novos atores críticos, baseados na web, e que disputam versões re-significadas dos fatos políticos deslegitimando/denunciando o pretenso monopólio da verdade apropriado pelo negócio midiático do arcaísmo do Brasil.

A entrevista com o filósofo espanhol, radicado na Colômbia, é parte do arsenal reativo para minar a rede e suas múltiplas derivações. Mais um "especialista" especializado em especialidades que só o PIG pode nos proporcionar. O velho truque de apresentar um porta-voz com autoridade "científica" para desmontar as ilusões dos que ousam desafinar o canto da tradição no coral dos contentes.

Martín-Barbero fala da "utopia da internet", assim: "A utopia da internet é que já não necessitamos ser representados, a democracia é de todos, somos todos iguais. Mentira. Nunca fomos nem somos nem seremos iguais. E portanto a democracia de todos é mentira. Seguimos necessitando de mediações de representação das diferentes dimensões da vida. Precisamos de partidos políticos ou de uma associação de pais em um colégio, por exemplo".

O espanhol não é tolinho, ele vai no conceito e procura desconstruí-lo com gana e determinação, ainda que sem êxito. Mas algumas afirmações deste "çábio" peninsular me confortaram, é quando ele constata que a rede "ameaça minar as práticas de representação e participação políticas reais". Que bom, agora temos a certeza de estarmos no caminho justo e correto. Nada mais confortador saber que alguém (em algum lugar) está procurando "minar as práticas de representação popular". Ou que alguém (em algum lugar) está insatisfeito com o nosso sistema eleitoral-representativo, com os exemplares de Sarneys & Yedas da vida, não é mesmo?

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Me causou surpresa saber que o portal do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) tenha reproduzido na íntegra a entrevista do filósofo Jesús Martín-Barbero (leia aqui). Se é importante como informação (e é), deveria ao menos vir acompanhado de uma crítica que situasse o leitor no contexto da matéria. Informar o que está por trás da intenção de difundir esse filósofo reacionário. Mostrar o objetivo oculto da Folha, que funcionalidade cumpre no contexto da luta pela democratização dos meios no Brasil, etcetera.

O núcleo dirigente do FNDC parece que não entendeu ainda a própria estratégia da luta que empreende (ou simula empreender). Dá mostras de estar querendo ficar no meio do caminho da longa jornada que tem pela frente. É lamentável.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

TT - Tucanato de Taubaté (Ala Moça)


Finalmente descobrímo-los

A rapaziada que acredita no "novo jeito de governar" da governadora guasca.

FHC e Gabeira convidaram Marina para uma armadilha


Partido Verde não consegue aprovar contas do fundo partidário desde 2005

Deu na insuspeita revista Veja desta semana, coluna Radar:

Contas muito enroladas

No dia em que deu adeus ao PT, Marina Silva afirmou que não acredita mais em partidos perfeitos. É bom que não tenha ilusões. Na seara verde, há uma série de encrencas com a direção nacional. Para se ter ideia, o PV até hoje não conseguiu aprovar as contas referentes ao fundo partidário de 2005. No início do mês, o ministro Arnaldo Versiani, do TSE, voltou a pedir explicações ao PV. Motivo: os técnicos mantiveram a orientação pela desaprovação das contas.

As suspeitas giram em torno de José Luiz Penna, há dez anos presidente do partido. O TSE constatou que houve desde a doação de passagens aéreas para a mulher e o irmão até o fretamento de um jato e o uso de notas fiscais de empresas-fantasma.

RBS serrista já está em plena campanha eleitoral


Enquanto Serra "expõe cotidiano", Dilma se oculta na blindagem, segundo ZH

Se o jornal Zero Hora estampar um editorial proclamando o seu apoio ao candidato da direita José Serra à presidência da Republica em 2010 nós aplaudiremos. O que não pode é fazer campanha eleitoral a favor de Serra - e contra a pré-candidata Dilma - ocultando a condição de cabo eleitoral serrista e passando uma imagem de neutralidade e equidistância política.

A edição de hoje é flagrante. Zero Hora afirma que Dilma será blindada pelo Planalto. Mas não informa qual o motivo da sugerida proteção à ministra-chefe da Casa Civil. Que falta grave, ou mesmo crime, teria cometido Dilma para exigir tantos cuidados extras do governo federal?

Já o governador José Serra (PSDB) é objeto dos maiores elogios. Serra - segundo ZH - faz sucesso na internet. Imaginem, mais de 73 mil seguidores no seu microblog da web.

Enquanto Serra "expõe cotidiano" no microblog (como isso é feito, não é informado), Dilma se oculta - segundo o jornal da RBS, o principal sustentáculo do governo-pântano instalado no Palácio Piratini, não por acaso do mesmo partido do governador José Serra.

Surpreende que os editores de ZH não tenham ilustrado a matéria com uma fotografia do governador tucano. Talvez tenham evitado para não ficar parecendo que aderiram à candidatura serrista. Pegaria mal...

domingo, 23 de agosto de 2009

ZH desqualifica futura presidente da CPI da Corrupção


Jornal debocha da deputada petista

Até quando os parlamentares do PT, bem como outros líderes petistas, pagarão mico em troca de algumas linhas fuleiras nos veículos da RBS?

Vejam o que fizeram com a deputada Stela Farias (PT-RS), na edição de hoje do jornal Zero Hora: a presidente escolhida para dirigir a CPI da Corrupção, que inicia na próxima quarta-feira, está retratada de uma forma desqualificada e desrespeitosa. A fotografia não poderia ser pior, a deputada olha para o espelho retrovisor (significando atraso) do veículo que supostamente dirige, e a pose escolhida pelos editores passa a imagem de um gnomo assustado. O texto que acompanha a infeliz fotografia é igualmente de amargar. Pinçaram somente a conversa tagarela da combativa deputada, que teria ficado "três dias sem ver um dos filhos", que vai estar "diferente na CPI", e numa "nova fase", blablablabá. Deboche maior, impossível. E os trechos politizados e críticos ao governo estadual, que certamente compuseram a entrevista da deputada aos auxiliares da coluna da abelhinha? Ora, isto - já está visto - não interessa, uma vez que o objetivo da matéria é o de construir uma subjetividade trocista a respeito da futura presidente da CPI da Corrupção.

A oposição, especialmente o PT, precisa repensar a relação com os veículos da RBS.

Apesar da farsa, votemos NÃO


Não podemos entregar a orla inteira para o baronato do concreto e da especulação imobiliária

A Consulta Popular marcada para o dia de hoje, 23 de agosto, é uma farsa. Já está decidido por um punhado de vereadores "concretistas" (não, não são amantes da poesia concreta, mas servos menores do baronato do concreto e da especulação imobiliária) que a Ponta do Melo (local do antigo Estaleiro Só) será ocupada por imensas torres destinadas a atividades comerciais e outras mumunhas. Onde está a farsa? Hoje, você, eu, nós todos, decidimos (apenasmente) se nestas torres poderão haver apartamentos de moradia permanente. Só isso.

Então, não nos iludamos. As torres já estão lá, praticamente. A decisão dos vereadores concretistas e a omissão do prefeito Fogaça (PMDB) foi um incentivo para que a especulação imobiliária selvagem e sem limites triunfasse em Porto Alegre. O Plano Diretor de Porto Alegre foi pisoteado e rasgado, na prática. Prevaleceu o interesse de uns poucos espertos e gananciosos que querem se apoderar da orla do Guaíba por inteiro.

A nossa participação hoje, votando NÃO, é um gesto simbólico - quase impotente - dizendo aos concretistas em geral que a coisa tem limites, que a coisa deve ter limites. Os 72 km de orla do Guaíba não serão privatizados pelos barões do concreto e seus serviçais.

Imagem simulada pelos arquitetos "concretistas" para enganar os basbaques da classe média de Porto Alegre.

sábado, 22 de agosto de 2009

Amanhã eu voto NÃO

Clique no cartaz para ampliá-lo.

Veja aqui os locais de votação.

Quinta-feira tem Mészáros em Porto Alegre


Clique na imagem para ampliá-la.

Nota do MST


Sobre o assassinato do trabalhador Elton Brum pela polícia militar do Estado do Rio Grande do Sul

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público, manifestar novamente seu pesar pela perda do companheiro Elton Brum, manifestar sua solidariedade à família e para:

1. Denunciar mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul que resultou no assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas.

2. Denunciar que além da morte do trabalhador sem terra, a ação resultou ainda em dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães.

3. Denunciamos a Governadora Yeda Crusius, hierarquicamente comandante da Brigada Militar, responsável por uma política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores urbanos e rurais. O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado. A criminalização não é uma exceção, mas regra e necessidade de um governo, impopular e a serviço de interesses obscuros, para manter-se no poder pela força.

4. Denunciamos o Coronel Lauro Binsfield, Comandante da Brigada Militar, cujo histórico inclui outras ações de descontrole, truculência e violência contra os trabalhadores, como no 8 de março de 2008, quando repetiu os mesmos métodos contra as mulheres da Via Campesina.

5. Denunciamos o Poder Judiciário que impediu a desapropriação e a emissão de posse da Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado. Sua vida teria sido poupada se o Poder Judiciário estivesse a serviço da Constituição Federal e não de interesses oligárquicos locais.

6. Denunciamos o Ministério Público Estadual de São Gabriel que se omitiu quando as famílias assentadas exigiam a liberação de recursos já disponíveis para a construção da escola de 350 famílias, que agora perderão o ano letivo, e para a saúde, que já custou a vida de três crianças. O mesmo MPE se omitiu no momento da ação, diante da violência a qual foi testemunha no local. E agora vem a público elogiar a ação criminosa da Brigada Militar "como profissional".

7. Relembrar à sociedade brasileira que os movimentos sociais do campo tem denunciado há mais de um ano a política de criminalização do Governo Yeda Crusius à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Ouvidoria Agrária e à Organização dos Estados Americanos (OEA). A omissão das autoridades e o desrespeito da Governadora à qualquer instituição e à democracia resultaram hoje em uma vítima fatal.

8. Reafirmar que seguiremos exigindo o assentamento de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul e as condições de infra-estrutura para a implantação dos assentamentos de São Gabriel (RS).

Exigimos Justiça e Punição aos Responsáveis!
Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio. Toda uma vida de luta!
Reforma Agrária, por justiça social e soberania popular!

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Yedão faz nova molecagem


Estado descalça a bota apertada dos pedágios

O gesto do governo tucano-peemedebista de transferir os contratos dos pedágios para a esfera federal demonstra mais uma atitude lúmpen da administração yedista.

Atitude de molecagem que gera um passivo (discutível) de 1,7 bilhão à União. Como já não há mais nada a tirar de vantagem na relação estéril entre as concessionárias de pedágio no RS e o governo yedista, este resolve empurrar o problema para o governo federal.

Resta saber o que tem a dizer o senador Pedro Simon (PMDB) sobre mais essa perversidade do governo que ajudou a constituir e sustenta até o presente momento.

Sem-terra é morto em despejo na fazenda Southall


Brigada já teria levado o corpo sem vida ao hospital

O trabalhador rural Elton Brum da Silva foi morto na manhã desta sexta-feira (21/8) em São Gabriel (RS). O trabalhador foi levado por policiais da Brigada Militar que faziam o despejo da Fazenda Southall à Santa Casa do município. No entanto, os funcionários do hospital se negam a dar informações e dizem que devem ser obtidas com a polícia, que também está omitindo o fato.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lamenta com pesar o ocorrido e responsabiliza os governos e a Justiça. É de conhecimento público a truculência usada pela Brigada Militar nas ações de despejo. Mesmo assim, os poderes públicos optam por tratar as questões sociais, como a reforma agrária, como caso de polícia.

Dias atrás a Brigada Militar já usou métodos de tortura física para inibir manifestações dos trabalhadores rurais no município de São Gabriel.

Hoje, os brigadianos estavam armados com espingardas calibre 12, para disparos a curta distância e com grande poder de destruição. Um projétil desses derruba um indivíduo instantâneamente, abrindo-lhe um orifício de cerca de oito centímetros de circunferência no peito.

Argentina elimina o atravessador entre o futebol e o torcedor


Governo argentino passa a ter direitos comerciais sobre partidas de futebol

A Associação de Futebol Argentino e a presidente Cristina Kirchner fizeram um acordo que passa ao Estado os direitos comerciais e de transmissão das partidas do futebol profissional. Com a parceria, durante uma década, as partidas do futebol profissional argentino serão transmitidas em sinal aberto e de maneira gratuita.

Antes, os jogos eram acessíveis apenas por meio dos sistemas de TV a cabo e pay-per-view, nos quais é necessário ser assinante/pagante.

O Estado repassará à associação de futebol 600 milhões de pesos por ano (cerca de 150 milhões de dólares/ano). Segundo a AFA, o dinheiro será usado para os clubes pagarem suas dívidas. A informação é da Agência Chasque.

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Medida acertadíssima do governo argentino. Por que motivo deve haver um atravessador (ganancioso) entre o espetáculo de futebol e o torcedor?

No Brasil há uma barreira entre os jogos de futebol e o povo torcedor. Existem as redes de televisão, monetizando as relações povo/futebol. Só curtem os jogos quem tiver dinheiro para comprar os pacotes (caríssimos) oferecidos pelas redes privadas de televisão (toda ela monopolizada pela mídia oligárquica).

A atitude soberana, popular e democrática da presidenta Cristina bem que poderia ser copiada pelo presidente Lula. Acho muito remoto, mas seria uma excelente medida.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Pedagogia do Churrasco & Chimarrão


Epifania memorável!

Para mim foi uma revelação, uma epifania imorredoura conhecer, saber da existência desse sujeito notável chamado Gaúcho da Copa.

Como pude viver até a presente data sem conhecer tão nobre cavalheiro? Tão abnegado, tão culto e preocupado em socializar a cultura guasca pelo mundo afora? Como?

Não me perdôo por essa falha intelectual, praticamente, admito, uma falha de caráter. Não me perdôo.

O nobre guasca foi à África do Sul conscientizar os homens e mulheres daquele país sobre a importância da Copa Mundial de Futebol que lá se realizará, em breve. Edificante! Guapíssimo!

Suspeito que o Gaúcho da Copa tenha garantido o êxito total da Copa na África do Sul, quiçá mesmo do próprio futebol mundial, no século 21. De lambuja, promoveu a divulgação do nosso chucro torrão guasca em solo africano, da cultura fundante e maiúscula do churrasco & chimarrão. Inolvidável! Bravíssimo!

Parabéns, Gaúcho da Copa! O Rio Grande se agiganta mais e mais quando um filho seu exibe a nossa raça de valentia, destemor e retidão cívico-moral.

As nossas mais sinceras homenagens! Ouço clarinadas de regozijo, fanfarras de orgulho em minh'alma pacificada e feliz.

(Eu já sabia!)

Um mistério cerca o Rio Grande


Que enigma guasca é esse?

Alguém pode me esclarecer o que é isso: "Gaúcho da Copa"? Jamais ouvi falar disso.

Um cachorro? Um objeto? Uma comida? Uma doença? Uma pandemia? É palpável ou é apenas a ficção sem graça de um demente?

Por favor, me expliquem do que se trata. Que terrível enigma é esse?

Pequena bibliografia da vigarice sistêmica, hoje




Para ilustração e cura da amnésia dos "especialistas" da RBS

Alepin, Brigitte (2004), Ces riches qui ne paient pas d’impôts, Montreal: Méridian.
Comte-Sponville, André (2004), El capitalismo es moral?, Barcelona: Paidós.
Domhoff, Willian (2006), Who Rules América?, Nova York: McGraw-Hill.
Galbraith, John Kenneth (2004), A economia das fraudes inocentes, São Paulo: Cia. das Letras.
Godefroy, Thierry y Pierre Lascoumes (2004), Le capitalisme clandestin, Paris: La Découverte.
Guillhot (2006), Financiers, philanthropes – Sociologie de Wall Street, Paris: Raisons d’Agir.
Mathers, Chris (2004), Crime School: Money Laundering, Búfalo: Firefly Books.
Veblen, Thorstein (1983), A teoria da classe ociosa, São Paulo: Editora Abril.
Wright Mills, Charles (1956), The power elite, New York: Oxford University Press.

Depois que os doutos "especialistas" fizerem as devidas leituras, podemos iniciar o debate como convém?

O debate proposto pela RBS


O tal "declínio [moral] nacional"

Ontem o jornal Zero Hora, porta-voz da direita e do atraso meridional, propôs (sempre de forma oblíqua, como é do seu feitio) um debate acerca da questão moral do nosso tempo, mas em bases falsas. Fixou arbitrariamente dois fatos conhecidos do senso comum como marcas simbólicas do que chamou de "declínio [moral] nacional". Os fatos são: o factóide Lina-versus-Dilma e a novela escândalos-no-Senado-e-o senador-Sarney. Sobre a corrupção que devasta e anula o governo Yeda, nada, silêncio total.

À noite, na emissora TVCOM (igualmente do grupo RBS), programa do radialista Lasier Martins, a matéria de ZH foi repercutida sob a forma de um debate entre quatro "especialistas" de moralidade pública, todos padecendo de amnésia aguda sobre a conjuntura presente do Rio Grande do Sul. O inferno moral fica no Brasil, aqui no Rio Grande, graças ao bom Deus, fomos aquinhoados com almas puras, retas e dignas - é o que se depreendeu de tão esclarecedor debate televisivo, comandado por um sujeito que classificou, recentemente, o indizível lobista Lair Ferst, militante tucano e ex-amigo da governadora, como "um homem de inteligência superior".

Assim, lembramos de um pequeno artigo nosso publicado aqui no blog, em 19/12/2008, que transcrevemos abaixo. Querem discutir, para valer, a questão moral de nosso tempo? Então, vamos dar os primeiros pitacos:

O crime como força produtiva

Todos os ideais Iluministas estão mortos, subsiste somente o aspecto negocial ("geralmente colocado sob o signo da vigarice", no dizer de Ernst Bloch), o lado puramente econômico, produtor de mercadorias e alienação, que se reproduz de modo ampliado pelos aportes incessantes da ciência reificada através das tecnologias de dinheirização da vida.

O mestre dos gangsteres, Salvatore Lucky Luciano, dizia com conhecimento de causa, que ao entrar em qualquer negócio o importante é não ser o morto. Uma moral definitiva sobre o seu negócio e, de resto, sobre o negócio do capitalismo em geral. Um jogo com regra singular: não ser o morto. O resto vale tudo. Que o diga Bernard L. Madoff, o esperto que enganou meio mundo vendendo pirâmides de ganância, a um preço de 50 bilhões de dólares.

Qualquer estudante de economia, mesmo os não-estudantes, os transeuntes próximos a uma escola de economia, sabem que nos primórdios do capitalismo, na fase de acumulação primitiva, está o roubo, o saque, a escravidão e a pilhagem. Aí está a transnacional Siemens, há 70 anos cometendo crimes, sempre prosperando. Muitas dessas ações de apropriação nem sempre foram consideradas crime. O abigeato, por exemplo, nem sempre sofreu sanção. Bento Gonçalves da Silva, o grande herói guasca, foi um abigeatário confesso. Hoje, é crime passível de severa punição, e os fazendeirotes da Campanha guasca exigem veículos e força pública para inibir o crime de abigeato em suas propriedades.

O Direito anda a pé, o fato social anda a jato. E essa diferença de velocidade é fator econômico de grande relevância, quem dela tirar proveito tem inegáveis vantagens comparativas sobre o concorrente.

O vale-tudo da acumulação primitiva foi sendo abrandado pela lei e pelo Estado, mas não foi totalmente eliminado da vida social moderna. A concorrência entre os capitais reproduz incansavelmente novos vale-tudo, para os quais o Estado e a lei não estão e, muitas vezes, não querem estar preparados.

No Brasil, meses atrás, houve a constatação de maquiagem de mercadorias (pacote de alimento de 200 gramas, com apenas 190 gramas, de 1 kg, com 980 gramas, etc.): uma franca manifestação local do que é o negócio capitalista, na essência.

A fraude, aqui, é força produtiva.

O aumento de rentabilidade do capital pode vir tanto do incremento de produtividade quanto do esforço de desprezar a lei, para aquele, é preciso investimento, para esse, só é preciso empenho criativo e cara-dura.

As novas “forças produtivas” podem ser: “acordos e cartéis, abusos de posição de liderança, dumping e vendas casadas, delitos de iniciados e especulação, absorção e desmembramento de concorrentes, balanços falsos, manipulações contábeis e de preços de transferências, fraude e evasão fiscal por filiais off shore e sociedades virtuais, desvio de créditos públicos e mercados fraudados, corrupção e comissões ocultas, enriquecimento ilícito e abuso de bens sociais, vigilância e espionagem, chantagem e delação, violação do direito do trabalho e da liberdade sindical, da higiene e da segurança, das cotizações sociais e ambientais” (Brie), etc. Que grande grupo negocial está fora de um, dois ou todos esses poucos itens de “esforço criativo” para aumentar rentabilidade e vencer concorrentes?

A lavagem de fundos ilícitos pelos principais bancos dos Estados Unidos constitui uma fonte importante de fluxos externos para aquele país. Uma subcomissão do Senado americano calculou essa cifra em torno de 500 bilhões de dólares/ano. São recursos de múltipla origem: desde o narcotráfico, máfia russa e japonesa até o caixa dois de companhias multinacionais, depósitos em paraísos fiscais “legalmente” tolerados. Tráfico de tudo: novos narcóticos sintéticos, cocaína, armamento pesado, órgãos humanos, alta prostituição, falsificação de grifes (muitas vezes pelos próprios proprietários para aproveitar o crescente mercado informal subterrâneo mundial), pirataria na informática e na indústria fonográfica, o tráfico de animais (só este movimenta anualmente cerca de 20 bilhões de dólares), etc.

Toda a logística estatal norte-americana do serviço secreto que era empregado na Guerra Fria onde opera, hoje? Ganha um doce quem disser que é na nova guerra econômica pela americanização de fundos legais e ilegais, tanto faz; a moeda é uma mercadoria vil que procura proteção máxima; e os EUA podem dispor de meios para dar-lhe segurança e rentabilidade.

O comércio mundial anual situa-se, hoje, “ao redor de 5 trilhões de dólares, calcula-se que 20% por via do crime, ou 1 trilhão de dólares” (Brie). Essa “riqueza” é administrada lisa e serenamente pelos grandes bancos do planeta, por grandes escritórios de advocacia, mega-corretoras, intermediários diversos, gerentes e diretores de trustes e fiduciárias, constituindo um bolo internacional que é lavado todos os dias, em quantidades parcelares, pela chamada economia legal.

A guerra contra o grande crime é uma nova guerra fria (uma guerra de mentirinha), na qual os Estados nacionais pouco podem, porque dominados pelos interesses que sustentam e reproduzem tal situação. Aí reside a matriz primal da violência de nossos dias. Violência globalizada, que se alastra e se reproduz nos quatro cantos do mundo, em pequenas sucursais do inferno.

É da natureza mesma do negócio capitalista, essa prática heterodoxa. É da natureza mesma do escorpião picar o sapo que o ajudou a vencer a forte correnteza.

Mudar a natureza das coisas, quase sempre, implica mudar as próprias coisas.

Artigo de Cristóvão Feil, sociólogo.


Obama também tem o seu Sarney


Hoje tem farsa eleitoral no Afeganistão

“Nós nunca devemos nos esquecer: esta não é uma guerra que escolhemos, esta é uma guerra necessária. Aqueles que atacaram os EUA em 11 de setembro estão planejando fazê-lo novamente. Se os deixarmos livres, o Talebã criará um esconderijo ainda maior para que a Al-Qaeda planeje matar mais americanos. Então, esta não é apenas uma guerra que vale a pena ser lutada, isto é fundamental para a defesa de nosso povo”, disse Barack Obama há dois dias no Arizona.

Hoje, dia 20 de agosto, se realizam as segundas eleições no Afeganistão, desde a invasão do país pelas tropas norte-americanas em 2001, com o objetivo de derrubar o regime do Talebã, outrora aliado da Casa Branca.

Há quase nove anos os norte-americanos ocupam militarmente o Afeganistão, nesse meio tempo constituiram governos fantoches (e corruptos) fiéis ao credo pagão da Casa Branca e seus falcões. O presidente Barack Obama não modificou uma palha este estado de coisas na Ásia, ao contrário, incorporou como verdadeira a retórica carniceira de Bush/Chenney, onde o combate à Al-Qaeda se revela como o cumprimento de uma missão civilizatório-salvacionista. Mas quem prova que a Al-Qaeda existe de fato? Não seria um mito inventado, uma espécie de Minotauro mostruoso, com a finalidade de justificar os vultosos orçamentos militares norte-americanos e a própria ocupação bélica numa área geopolítica estratégica para um império em decadência?

Enquanto isso, Barack Obama - o vaselina - torce (e investe) para que o cavalo do comissário ganhe as eleições de hoje. Seu parelheiro é o atual presidente Hamid Karzai (na foto com Obama), uma espécie de Sarney Pashtun. Oriundo de uma família muito rica (tribo Pashtun) e sempre íntima do poder (qualquer poder), Karzai foi ligado ao antigo déspota Zahir Shah e depois aos Mujahedin, já no regime Talebã, visando combater a invasão soviética. Quando o Talebã caiu em desgraça, Karzai já estava aliado à Casa Branca, tendo ocupado o governo provisório a partir de 2001, pela confiança que os norte-americanos depositavam nele. Desde então, aumentou a riqueza pessoal e familiar em proporções geométricas.

As eleições presidenciais do dia de hoje no Afeganistão apresentam mais de quarenta candidatos, entre os quais duas mulheres. Mas nenhum ou nenhuma ganha tanta simpatia do presidente Barack Vaselina Obama quanto Hamid Sarney Karzai.

Coisas da vida.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Falando em corda na casa do enforcado


RBS corta o Rio Grande do Brasil. Os gaúchos são honrados. Os brasileiros são velhacos e imaturos.

O Rio Grande do Sul atolado no oceânico pântano da corrupção e o jornal Zero Hora afirmando que há um "declínio nacional".

O diário da RBS está falando em "palavra" e "honra". No Brasil. O Rio Grande está fora do exame moral rebessiano.

Com uma linguagem carregada de subjetividade, ZH transfere responsabilidades morais ao que denomina vagamente de "a classe política brasileira". A seta envenenada quer atingir, por vias transversas, o presidente Lula e a sua pré-candidata, Dilma. Não é precisamente ninguém, são os outros, os que habitam um país distante e imaturo chamado Brasil. A política brasileira não tem "palavra" (não no sentido de "vocábulo", mas no sentido de "compromisso"). Os brasileiros são velhacos. Os gaúchos são honrados.

Os imorais são os outros. Os brasileiros, os intelectualmente imaturos, os destituídos de honra pessoal. Os brasileiros, os que não são gaúchos, os que caíram em declínio moral. Os brasileiros, os não maragatos, os não farroupilhas, os não homens, os desonrados. Os brasileiros, aquela gente de segunda classe.

Contato com o blog Diário Gauche:

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