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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Presidente Lula discursa bonito contra o sistema financeiro



Lula: “Chegou a hora da política”

“Chegou a hora da política”, afirmou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao defender papel do Estado como regulador do sistema financeiro. Em Salvador, onde participou da 9ª Cúpula Brasil-Portugal, Lula se colocou contrário aos que defendiam o liberalismo econômico sem a interferência do poder público. A informação é da Agência Brasil.

“Teve uma época, por muito tempo, em que os políticos andaram de cabeça baixa diante do neoliberalismo. O que estou defendendo não é o Estado se intrometer na economia, mas é o Estado que tenha força política para regular o sistema financeiro”, disse o presidente no pronunciamento que fez, ao lado do primeiro-ministro de Portugal, José Socrates.

“Fomos eleitos, assumimos compromissos com o povo, e o Estado, diante da crise mundial, volta a ter papel extraordinário, porque todas essas instituições que negaram o papel do Estado na hora da crise procuram o Estado para socorrê-las da crise que elas mesmo criaram”, afirmou Lula.

O presidente também voltou a criticar as empresas que especularam e tiveram prejuízos com a crise mundial.

“As empresas brasileiras têm grandes investimentos, rodovias, ferrovias, siderurgia, portos, agricultura. Trabalhamos honestamente por seis anos para por a economia num padrão respeitável no Brasil inteiro. É por isso que juntamos US$ 207 bilhões em reservas. É por isso que fizemos ajustes fiscais. Entretanto, por que estamos vivendo sinais da crise? É porque alguns setores resolveram investir em derivativos, fazer um cassino. Portanto quem foi para a jogatina perdeu. Ninguém tinha o direito de tentar, diria de forma ilícita, mais que aquilo que o próprio sistema produtivo oferecia ao país”, disse o presidente

Lula enfatizou que os setores da economia devem concentrar seus esforços em ganhar dinheiro com a produtividade. “O sistema financeiro tem obrigação de ganhar o seu dinheiro em coisas que gerarão empregos, produtos, riqueza. Não podemos permitir que o sistema financeiro mundial brinque com a sociedade. Não podemos admitir que alguém fique rico apenas trocando papéis e poucas vezes se gerou um paletó, uma bota e um alfinete”.

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Como discurso está muito bem, presidente Lula. Muito bem, como discurso.

Mas e os juros básicos do Banco Central, presidente Lula? E a autoridade e a soberania do seu governo sobre a área financeira, hoje entregue inteiramente aos próprios banqueiros?

A hora é agora, presidente Lula. Há trinta anos que os banqueiros, rentistas e especuladores formam uma casta intocável nesta República.

Até quando, presidente Lula?

Em Tempo: só os jornais O Globo e Estadão deram algum espaço para essa notícia, assim mesmo de forma discreta. Os demais jornalões da oligarquia (associada e dependente da banca) fizeram olho branco para a fala de Lula. Estão pagando para ver.

5 comentários:

Anônimo disse...

A prática discursiva continua a mesma...se mostra como representante de interesses nacionais, mas não tem a mínima condição objetiva de fazê-lo. Quem decide estas questões sobre as quais ele opina de modo "debreado", sobre as quais a fala dele gira em falso, é o Banco Central e o bloco oligárquico de poder cujas ventosas continuam firmes no aparelho Estatal. A fala parece ter mudado, mas A PRÁTICA DISCURSIVA continua, em linhas gerais, a mesma.

Anônimo disse...

Essa é a lógica. O Estado não atua em conjunto, mas compartimentado. Assim, a Fazenda e o BNDES tratam do crescimento, o Planejamento cuida do Orçamento a Agricultura do agronegócio e cada ministério olha para onde aponta o seu próprio nariz. Paralelo e acima de tudo, o BC, autônomo (na verdade capturado pelo sistema que ele devia regular) com mandato único, o combate à inflação, com um instrumento único, a taxa de juros. Não é pra funcionar mesmo. Crescimento é resultado de visão de conjunto, de longo prazo. A lógica vigente é a do imediatismo, a mesma do mercado financeiro.
Feil, desiste, meu. O Lula não vai mudar o rumo. No tiene cojones.

Cristóvão Feil disse...

Manolo, isso é como psicanálise, não sou eu quem vai dizer isso a ele, o próprio (um dia) terá que se dar conta disso e verbalizar.

Abç.

CF

Anônimo disse...

tchê, feil, e os petistas onde estão que não vem defender o lula?
será que eles concordam que os bancos devem continuar mandando e desmandando no país?

Anônimo disse...

Sanhudo,é obvio que não concordamos. Não dá pra defender o Lula nessa política monetarista que previlegia a casta de sempre... essa coisa de política de resultado, é complicado! Ignez (Martinha).

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