Você está entrando no Diário Gauche, um blog com as janelas abertas para o mar de incertezas do século 21.

Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008



A rede varejista francesa é um dos maiores anunciantes do PIG

Rede Carrefour explora a pecuária do desmatamento

A rede Carrefour acaba de lançar, na imprensa nacional, a campanha e caderno "Eu uso a cuca", contendo "dez mandamentos" para seus clientes. O décimo reza: "Escolha empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável". Mas, pelas informações disponíveis até o momento, parece difícil para o consumidor implementar este mandamento nos supermercados da rede, pelo menos no que diz respeito aos produtos da Amazônia.

O Carrefour possuia até 2007 mais de 100 mil cabeças de gado na Amazônia Legal, cujo abate é realizado em parte pela Friboi e cuja origem parece ser, em sua maioria, ilegal. Quem o sugere é o próprio Carrefour, em seu site. Das várias fazendas que possuia, a empresa menciona apenas aquela supostamente melhor em termos de desempenho ambiental, isto é a São Marcelo, em Juruena, no Noroeste de Mato Grosso. Eis o que consta no site da rede varejista: "Só para se ter uma idéia, da importância que o Carrefour dá ao tema, quase a metade da Fazenda São Marcelo, no Mato Grosso, tem suas matas nativas totalmente intocadas."

Na realidade, as fazendas de gado da rede Carrefour, no Mato Grosso, foram vendidas no segundo semestre de 2007 para a viúva e filhos do fundador da rede, o francês Jacques Defforey. Mas o site da rede varejista continua mencionando a São Marcelo como de propriedade do Carrefour. De qualquer forma, a produção das fazendas continua sendo adquirida pela rede, conforme apurou o site Amazônia.

Se "quase a metade" da fazenda São Marcelo tiver ainda mata nativa - admitindo portanto que ela tenha aproximadamente 40% de cobertura florestal - metade da produção adquirida pelo Carrefour desta fazenda seria ilegal, pois o mínimo que a lei exige nesta região é uma cobertura florestal de 80%.

O Carrefour nem sequer menciona as outras fazendas. Entre elas há a Vale do Sepotuba e a Matovi, que possivelmente devem apresentar indicadores de ilegalidade maiores, pois nem sequer aparecem na lista "Garantia de Origem" do mesmo site. De acordo com informações divulgadas pela Secretaria de Comunicação do Estado de Mato Grosso, a fazenda Vale do Sepotuba teria 4.300 hectares, dos quais seriam preservados apenas um quarto, ou seja 1.104. Já no caso da Matovi, de 1.200 hectares, apenas 160 seriam mantidos como reserva. Ainda de acordo com o site da SECOM/MT, o grupo teria também parceria com outros 15 pecuaristas no Estado, além de arrendar mais fazendas nas regiões de Juína e Juruena.

Dessa forma, na mais otimista das interpretações, a rede teria, por sua própria admissão, a maioria de seu fornecimento bovino da região oriundo de práticas ilegais. Além disso, o Carrefour não divulga ter adotado qualquer sistema de controle da legalidade ambiental de fornecedores terceiros.

Mas o dever de casa que a rede terá de cumprir, caso deseje se enquadrar em seus próprios mandamentos, vai muito além da questão da carne. De acordo com Karina Aharonian, gerente do Grupo de Compradores de Produtos Florestais Certificados, o Carrefour também não faz parte até hoje desta associação empresarial, que reúne as empresas que buscam madeira, carvão, papel, castanhas e outros produtos com certificação de origem pelo FSC. Da mesma forma, no site da empresa não consta qualquer compromisso relacionado com a certificação florestal, ou até mesmo uma priorização de tais produtos perante seus fornecedores. O Grupo de Compradores relata que têm recebido algumas demandas para a compra de produtos certificados pela matriz do Carrefour, na França, mas nada por parte da empresa no Brasil, até o momento.

Pescado totalmente do ótimo portal Amazônia.org

2 comentários:

Anônimo disse...

Vale a pena verificar a barbaridade de condenações que essa empresa tem na justiça, ou por abuso a funcionários ou por desrespeito a clientes.

armando

Anônimo disse...

Eu não sou jornalista profissional e nem tenho tempo e treinamento para exercer tal investigação. Mas sei que há muitos blogueiros que são profissionais especializados, têm muito mais experiência de vida e uma ampla rede social para poder dar o nome aos bois.

Assessores políticos, assessores de imprensa, advogados concursados no Ministério Público do RS e Federal , na Assembléia Legislativa do RS, na Prefeitura Municipal de POA podem servir de fontes seguras para tirar xerox e indicar links de documentos não-sigilosos que a mídia corporativa jamais publicaria à disposição da blogosfera.

[]'s,
Hélio

Contato com o blog Diário Gauche:

cfeil@ymail.com

Arquivo do Diário Gauche

Perfil do blogueiro:

Porto Alegre, RS, Brazil
Sociólogo