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Surf no lixo contemporâneo: a que ponto chegamos! E que mundo deixaremos de herança para Keith Richards?

quarta-feira, 15 de agosto de 2007


A pauta da CUT é tímida, conservadora e corporativista

No dia de hoje, 15 de agosto, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) realiza na Esplanada dos Ministérios o seu “Dia Nacional de Mobilização” com a chamada “Defender Direitos, Avançar nas Conquistas”. Pouca gente conhece de fato qual é a pauta que orienta a mobilização. Antes mesmo do ato começar, no dia de ontem, a Central realizou uma série de audiências com ministros para apresentar e defender a sua pauta de reivindicações. Um fato revelador da relação de proximidade da CUT com o governo.

A pauta, considerando-se o histórico de lutas e programático da CUT é tímida, conservadora e corporativista. Os principais itens são a manutenção do veto do Presidente Lula à Emenda 3; a reforma da previdência e a ameaça de limitação do direito de greve dos servidores públicos federais. No final do panfleto de convocação do ato, meio como algo que não se pode esquecer, lê-se Reforma Agrária e Incentivos à Agricultura Familiar; Redução da jornada de trabalho e Aumento real de salário. Note-se que não faz referência ao salário mínimo.

Está evidente que se trata de um ato amistoso. Na pauta nada que possa criar constrangimentos ao governo. Nenhum questionamento ao modelo econômico, nenhuma referência ao plebiscito popular sobre a anulação da privatização da Vale do Rio Doce, nada que remeta a polêmica da transposição do Rio São Francisco ou a construção das hidrelétricas do Rio Madeira, temas entre outros, que fazem parte do conjunto de lutas do movimento social brasileiro.

A CUT não entra em bola dividida. Os principais temas de sua pauta estão em sintonia com o governo. O tema da Emenda 3 se arrasta e apesar da postura vacilante do governo, o mesmo deve defender o ponto de vista dos sindicalistas junto ao Congresso. Sobre a reforma da previdência é fato que o tema não saiu da agenda palaciana, mas Lula já declarou publicamente que não pretende mexer nesse vespeiro. E quanto a uma possível legislação que normatize o direito de greve dos servidores públicos, é evidente que será negociada. Diga-se ainda que sobre esse dois conteúdos – reforma da previdência e limitação ao direito de greve dos servidores – a CUT precisa fazer frente à Conlutas.

Muitos podem considerar que se trata de temas importantes. Porém, quando se tem presente a história da CUT e as lutas travadas, ela se apequena e revela atrelamento a governo. Na verdade a CUT e as demais Centrais estão de lua-de-mel com o governo. É bastante provável que nesses dias as Centrais serão reconhecidas pelo governo – acordo já pré-estabelecido - e passarão a ter direito a 10% do imposto sindical. Uma dinheirama enorme que neutraliza a combatividade do movimento sindical.

Análise do sociólogo César Sanson, pesquisador do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores (CEPAT) e doutorando em Sociologia do Trabalho na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

6 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Em relação à greve dos serviços públicos, os sindicalistas franceses tentaram impedir projeto do governo Sarkozy. Nas manifestações apareceram meia dúzia. A meia dúzia de sempre. Será que o povo brasileiro, cansado e muito cansado desse Estado que não funciona, está de acordo com a pauta (tímida) da CUT -- que virou chapa branca? E o sociólogo Sanson quer ainda inserir nos protestos propostas escabrosas, prolixas e impertintentes como o absurdo plebiscito da Vale (que gera muiiiito imposto ao governo) e contra a política econômica de Lula que talvez seja uma das poucas coisas que estão dando certo neste complicado Brasil.

Anônimo disse...

Política econômica que está dando certo por que? Só porque está favorecendo os banqueiros e a elite predadora, principalmente, a paulista? É a parte mais frágil desse governo, pois continuou a política do Farol de Alexandria, faltando apenas a privataria que entregou o ouro aos bandidos.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Armando, fale com um engenheiro do setor da construção civil. Ouça o que ele vai dizer. Ele vai dizer que o setor está "bombando", a classe média baixa está deixando de pagar aluguel para comprar a tão sonhada casa própria. O financiamento tá tri fácil. O teu problema Armando é que tua pauta é apenas do Brasil de FAto -- essa mídia manipuladora e reacionária. Troca de mídia, troca de fonte, Armando. Viram só, o Maia defendendo o governo do PT. Defendo sim quando o governo do PT faz o Brasil funcionar.

Leonardo Camacho disse...

Cheguei aqui através do BLOG da Chris Fernandes, o "Livre Expressão".

Gostei muito do que ví aqui no BLOG.

SObre a questão da CUT, talvez se trate de uma "peleguização" (acabei de inventar:>) junto ao governo Lula. Na democracia pluripartidarista a esquerda vida direita e vice-versa com tanta facilidade que a gente fica até assustado. Viva à liberdade política, viva ao corporativismo nacional! Viva, viva! Via aos interesses do povo! Não é irônico?

Parabéns pelo BLOG. Vou voltar sempre e te indicar no meu BLOG.

Parabéns.

Abs. Fraternos.

Leonardo Camacho
jornalista

Cristóvão Feil disse...

Obrigado, Camacho. Volte sempre. Conversa e mate sempre tem no rancho. Mas larga de ler a direitosa Lya Luft - só dá azia e desgosto.
Abraço!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Entre Luft e Arbex Jr fico com a primeira opção. Tem mais sinceridade intelectual. Arbex é uma farsa.

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